segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Estrutura do texto dissertativo


Textos dissertativos: estrutura básica
Introdução e Desenvolvimento

Observe alguns exemplos de Introdução

A televisão – “Se por um lado esse popular veículo de comunicação pode influenciar o espectador, também se constitui num excelente divulgador de informações com potencial até mesmo pedagógico.”

(as três ideias: manipulador de opiniões, divulgador de informações e instrumento educacional.)

Escassez de energia elétrica – “Destacam-se como fatores preponderantes para esse processo o aumento populacional e a má distribuição de energia que podem acarretar novo racionamento.”

(as três ideias: crescimento da população e da demanda de energia, problemas com distribuição da energia gerada no Brasil e a consequência do racionamento do uso de energia).

TIPOS DE DESENVOLVIMENTO
Causa e Consequência: expõem-se, obviamente, as causas e as consequências do problema abordado. Geralmente se encadeiam as causas em um parágrafo e as consequências em outro, mas, como sabemos não se pode dizer que isso seja uma regra, e sim um costume da redação dissertativa.
É possível, ainda, valer-se somente das causas ou somente das consequências do problema.  Tudo vai depender dos dados e dos conhecimentos de que você dispõe.
Leia um exemplo, produzido a partir do tema “Evolução tecnológica e proteção ambiental  –  como  conciliar?”
Note que  o  aluno  priorizou  as consequências que a displicência do homem em relação à natureza pode acarretar:

“É inevitável o desenvolvimento da humanidade, porém, esta se concentra apenas em criar meios tecnológicos que lhe proporcionem maior comodidade e se esquece de analisar as consequências que tal procedimento poderá gerar.
Questionamentos sobre o futuro do mundo já estão sendo levantados por muitos cientistas que se preocupam, principalmente, com itens relacionados ao desmatamento. Mais de 45% das florestas tropicais foram desmatadas e nada se tem feito para reverter essa situação.
A sociedade é rodeada de pessoas gananciosas que visam apenas ao seu bem estar, não importando quanto mal tal procedimento poderá causar aos demais. É o caso, por exemplo, da Amazônia. 25% de sua mata original deu espaço à agricultura e à pecuária, e, atualmente, foi reivindicado ao governo o desflorestamento de mais 25% do restante. Isso gerou certa revolta por parte da população, mas como intervir nesse tipo de problema, que envolve pessoas com muita influência no poder?
Outra agravante relaciona-se à poluição. Cidades como São Paulo e Nova Iorque possuem um  dos  mais  elevados  índices  de  internações  hospitalares  decorrentes  de problemas respiratórios. Foi por esse motivo, entre outros, que as nações se uniram e elaboraram o Tratado de Kyoto, pedindo a redução dos gases poluentes gerados pelas indústrias. Entretanto, os EUA, um dos principais responsáveis pela poluição mundial, recusaram-se a assinar o acordo, que, segundo o presidente George Bush, poderia afetar sua economia.
Os países precisam deixar de lado os interesses financeiros e dar prioridade aos assuntos que dizem respeito ao ecossistema, visto que os prejuízos do desenvolvimento não são imediatos  mas  muitas  amostras  já  têm  sido  exibidas.  O  melhor  a  fazer  é providenciar medidas que possam reverter essa situação enquanto há tempo.”

• Desenvolvimento por  trajetória  histórica: se  você  tiver  um  bom conhecimento de história, pode utilizá-lo a seu favor. É possível ilustrar a defesa de seu ponto de vista ou a exposição de informações por meio de fatos históricos.
Nas dissertações escolares,  costuma-se  fazer  isso  desta  maneira:  em  um parágrafo, geralmente o primeiro do desenvolvimento, utiliza-se um fato do passado; noutro, o segundo, um do futuro. 

Leia uma dissertação sobre o tema “Em briga de elefantes,  é  a  grama  que  sai  perdendo”

“A admirada história de Davi e Golias, em que o fraco prevalece, está longe de ser realidade. É cada vez mais evidente o massacre dos pequenos.
Fatos  como  a  Guerra  Fria  mostram  exorbitantemente  isso.  Nessa  época,  as potências URSS e EUA eram os elefantes. Impunham suas políticas intervencionistas em todo e qualquer país sob seu regime. É o caso de nações do Oriente Médio, às vezes financiadas pelos ianques contra o inimigo vermelho ou vice versa. Esses povos tiveram muitos soldados mortos em prol de seu subdesenvolvimento.
A conotação mais atual, porém não tão recente, da inversão dessa passagem bíblica é o neoliberalismo, principalmente no aspecto social. Os pobres (a grama), cada vez mais pobres, são "exilados" por fugirem dos “pisoteios”. No entanto, os "elefantes humanos" retomam sua briga nesse novo local. É o que ocorre em virtude das guerras empresariais em que, sedentos por lucro e por superar seus concorrentes, os grandes "engolem"  as  pequenas  empresas  e,  com  toda  a  sua  tecnologia,  deixam  milhares desempregados.
Essa inversão de valores gera um mundo violento e selvagem. É interessante, porém, que, mais que não olhar para as consequências, os responsáveis se deixem levar pela sua falsa segurança (o dinheiro) e continuem com sua conduta, imperceptível aos próprios, injusta em relação à humanidade.
É  notória  a  necessidade  de  revertermos  essa  crônica  situação,  algo  que dificilmente os poderosos farão. Portanto, deverá partir de nós a solução. Esta é uma educação sólida e humanitária de nós mesmos e, principalmente, das futuras gerações.”

 Desenvolvimento por contraste de ideias: na  dissertação  argumentativa,  é possível contrastar argumentos contrários e favoráveis a algum tema e, a partir dessa oposição, posicionar-se (contrária ou favoravelmente, é claro) diante dele. É importante que, nesse embate de ideias, aquelas que respaldam o real ponto de vista do autor sejam nitidamente mais convincentes e razoáveis que as adversas.
Veja  agora  uma passagem de dissertação em que o aluno usa dessa possibilidade de desenvolvimento.
A clonagem em seres humanos.”
Observe que o autor, no primeiro parágrafo do  desenvolvimento,  explora  o  lado  negativo  desse  procedimento científico e, no segundo, o positivo:
“Muito se debate, atualmente, a respeito da clonagem humana. Acredita-se que esse processo possa ser desastroso, trazendo ao mundo possíveis "seres mutantes".
Por outro lado, ela pode ser benéfica, pois devidamente utilizada privilegiará a sociedade com avanços científicos jamais vistos.”

 Desenvolvimento  a  partir  de  enumeração: sempre  que  se  enumerarem  na introdução  os  argumentos  ou  informações  que  constarão  dos  parágrafos subsequentes,  tratar-se-á  de  um  desenvolvimento  a  partir  de  enumeração. 
É importante,  como  já  vimos,  que  em  cada  parágrafo  do  desenvolvimento  seja abordado  somente  um  argumento/informação  e  que  nenhum  dos argumentos/informações antecipados na introdução seja “esquecido” na parte mais importante do texto dissertativo.

O exemplo a seguir foi produzido a partir do seguinte tema: “O Brasil é o Brasil das novelas?”.
“O retrato real do Brasil não é a riqueza e o conforto que vemos nas novelas, e sim a miséria, o clientelismo e o individualismo das classes mais abastadas que grande parte  da população brasileira enfrenta dia após dia.
As cenas dramáticas de miseráveis pedindo nos semáforos, crianças trabalhando desde muito pequenas, famílias morando em meio ao lixão e sobrevivendo dele, são muito mais frequentes do que imaginamos.
O governo, preocupado com assuntos “mais importantes”, lembra-se desse povo somente em véspera de eleição. Promete mundos e fundos ou troca votos por qualquer miséria. Mas não é só o governo que tem culpa do enorme problema.
 A classe média só pensa em aumentar sua riqueza para não entrar nesse índice de pobreza e os ricos preferem blindar os vidros de seus carros para se proteger dessa população, que teima em incomodar e pela qual não se acham responsáveis.

Enquanto houver, neste país, tanto preconceito, tanta corrupção e tanta gente achando que não é responsável por tal fato, a pobreza continuará e aumentará cada vez mais.”

 Desenvolvimento por contra-argumentação: é o tipo de desenvolvimento em que o escritor expõe um argumento com o qual não se concorda e, por meio de um contra-argumento mais convincente, refuta-o, nega-o, corrige-o.

Observe a abordagem da seguinte redação,o tema é “As pesquisas mostram melhoras no Brasil. E a realidade?”.

“O resultado da pesquisa do Censo 2000 agradou ao presidente da república por indicar a melhoria das condições de vida do brasileiro, em relação a anos anteriores ao seu governo. Porém, tais dados não traduzem a dura realidade do país atual, fazendo com que se questione sua veracidade.
E a desconfiança dessas informações animadoras parte, até mesmo, do próprio FHC, que não consegue relacionar os baixos níveis de renda da população ao aumento do  consumo  de  bens  eletrônicos  pela  mesma.  Uma  explicação  otimista  para  tais estatísticas pode estar no fato de que a estabilidade monetária aumentou o poder de compra do povo com a queda dos preços e maior facilidade de acesso ao crédito.
Porém, melhor condiz com as características da nova sociedade a justificativa de que os únicos responsáveis pelo aumento das vendas são consumidores pertencentes à classe alta da população, com a qual se concentra a maior parte da riqueza do Brasil.
A tal fator pode ser comparada a contraposição entre os 60% de brasileiros com mais de dez anos que não conseguiram concluir o ensino fundamental e o indicador social da pesquisa de que a grande maioria das crianças está matriculada e passa mais tempo estudando. Essa relação deixa claro o caráter maquiador do resultado do Censo, que é aproveitado pelo governo como forma de autopromoção e não representa um retrato fiel da sociedade.
Assim,  pode-se  concluir  que,  apesar  de  as  pesquisas  revelarem  conquistas importantes como a redução da mortalidade infantil e o aumento da eficiência da saúde pública, outros pontos positivos de seu resultado não devem ser levados ao pé da letra. Como podemos observar, esses são capazes de ocultar problemas graves do país, como a má distribuição de renda e o desequilíbrio quanto aos investimentos governamentais nos diferentes setores da educação pública.”

Tipos de Conclusão
Qualquer texto, para estar completo, organiza-se em três etapas básicas: introdução, desenvolvimento e conclusão. Cumpridas as duas primeiras etapas, cabe à conclusão fechar o texto do modo mais adequado à modalidade textual em questão. Nas dissertações, a conclusão é a parte final que condensa os pontos centrais da discussão, inclusive o posicionamento apresentado na tese.

A dissertação argumentativa, principal modalidade textual solicitada nas provas de redação de concursos e vestibulares, tem, na boa conclusão, grande parte da sua eficiência. Othon Garcia, em sua obra "Comunicação em Prosa Moderna", nos ensina que "não existe argumentação sem conclusão, que decorre naturalmente das provas ou argumentos apresentados". Partículas como "logo" e "portanto" são típicas no início de períodos ou parágrafos em que se nega (argumentação por refutação) ou confirma o teor da proposição.

Há várias formas de se concluir uma dissertação argumentativa, mas alguns cuidados precisam ser tomados. Então, apresentamos, a seguir, alguns aspectos a serem observados em diferentes tipos de conclusão dissertativa:

Retomada da tese
É importante que, ao terminar a leitura, o leitor tenha total clareza quanto à tese ali defendida. Por isso, o autor de uma dissertação não pode perder essa última possibilidade de reforçar seu posicionamento no parágrafo final.

Para isso, é preciso que o conteúdo retomado na conclusão - seja apenas da tese ou de parte da análise - esteja em total coerência com o que foi escrito nas partes anteriores da redação, pois só assim se consegue a reafirmação de uma verdade. Mas atenção: o que deve ser retomado é apenas a essência do que já foi mostrado, evitando-se a mera repetição de frases e vocabulário.

Perspectivas futuras
Durante a análise do tema, principalmente quando este tratar de uma situação problemática atual, a dissertação pode se basear em dados passados e presentes, identificando causas, fazendo um paralelo histórico, comparações. Isso feito, abre-se espaço para o olhar futuro em relação ao problema.

É a hora de traçar perspectivas futuras, que podem envolver uma proposta de solução ou apenas uma projeção hipotética do que deverá acontecer, considerando-se determinados contextos. Em ambos os casos, o autor precisa basear-se nos conteúdos já analisados. Não é possível apresentar propostas de solução para problemas que não foram discutidos ou perspectiva futura que não esteja embasada em dados presentes.

Propostas de enfrentamento do problema
Quanto às propostas de solução, elas não devem ser "utópicas", ou seja, não dá para propor que os países desenvolvidos simplesmente aceitem dividir suas riquezas com os países pobres para acabar com a miséria no mundo. Também não se devem apresentar propostas genéricas demais ou típicas do senso comum, como dizer que o governo precisa "fazer alguma coisa" ou que as pessoas "precisam se conscientizar" de algo.
Em vez disso, pode-se propor que determinado órgão de certa área específica do governo reformule a lei que trata do assunto em questão, ou que seja criado um órgão fiscalizador para fazer cumprir determinado acordo. É possível também elaborar propostas mais concretas envolvendo a sociedade, como sugerir que determinados grupos se organizem em associações para pressionar a ação de instituições com poder de resolução do problema. Ou seja, o autor tem direito de manter seu ponto de vista em relação ao tema, só precisa apontar sugestões específicas, sempre citando nomes e escolhendo o vocabulário mais preciso, evitando as generalizações que não contribuem em nada com o texto.


Por último, vale lembrar: nunca inicie uma discussão nova na conclusão, pois não haverá tempo para desenvolvê-la. Também não termine com perguntas abertas sobre questões que, ao invés de serem encaminhadas ao leitor, deveriam ter sido respondidas durante o texto, afinal, a dissertação (principalmente a argumentativa) expõe objetivamente um raciocínio e tem por função conduzir o leitor à aceitação dessa verdade.




quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Pneumotórax 7ºano


Pneumotórax

Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . .
— Respire.

...............................................................................................................

— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

Manuel Bandeira

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Exercícios sobre Preposições 7º ano



                                                                                           


1- Sublinhe as preposições:

a) Conversamos sobre nossos estudos.

b) Sempre lutamos contra a má vontade de alguns.

c) Estou mais uma vez sem meu ajudante.

d) A criançada partiu para o acampamento.

e) Aquela chácara é de meus tios.

f) A excursão chegará a Manaus hoje.

g) Você já viajou de avião?

h) Contamos com poucos recursos para concluir a obra.


2- Complete com a preposição adequada:

a) Saí __________ meus pais.

b) Estamos __________ luz há alguns minutos.

c) Minha família morou __________ Pernambuco vários anos.

d) Minha mãe gostava __________ conversar __________ arte.

e) __________ o juiz, ele não abriu a boca.

f) Estarei __________ Curitiba na próxima quinta-feira.

g) Deteve-se um instante ___________ observar o movimento ___________ pedestres.


3) Aponte a preposição e diga a relação que ela estabelece:

a) A cantora esteve em nossa cidade, recentemente. ______________________________________

b) É importante que você leia um bom livro sobre educação. _______________________________

c) Jogamos até o entardecer. _________________________________________________________

d) Dancei com Joana a noite toda. ____________________________________________________

e) Estamos preparados para enfrentar a subida. __________________________________________

f) Você tem algum projeto para tornar a cidade mais bonita? _______________________________

g) Não perdeu a calma durante a competição. ___________________________________________

h) Os pratos são de porcelana. _______________________________________________________

i) É fundamental lutarmos contra essa lamentável situação. ________________________________

j) Nunca viajei de navio. ____________________________________________________________


4- Use todas as preposições deste quadro para ligar as palavras das frases abaixo:

até          desde           após           a           sobre           sem           perante     para

a) Fomos __________ várias lojas.

b) Saímos __________ as 10 horas.

c) Comprei um lenço __________ você.

d) Estou gripada __________sábado.

e) Corremos __________ a esquina.

f) Conversamos __________ o assunto.

g) Todos são iguais ____________ a lei.

h) Prefiro chá __________ açúcar.


5- Sublinhe a preposição e localize, no quadro abaixo, a relação que ela estabelece.

a) Chorava de dor. ________________________________________________________________

b) O técnico não viajou com a equipe. _________________________________________________

c) Fiquei ouvindo o disco de Pedrinho. ________________________________________________

d) Vou ficar dois dias em Manaus. ____________________________________________________

e) O touro investiu contra a multidão. _________________________________________________

f) A menina falava com grande desembaraço. ___________________________________________




POSSE – MODO – CAUSA – COMPANHIA – LUGAR – OPOSIÇÃO

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Exercícios sobre adjunto adverbial 8º ano

1. Sabemos que a locução adverbial é a união de duas palavras que possuem o valor de um advérbio. Diante das orações que seguem, transforme as locuções adverbiais em advérbio:

a- Tudo que ocorreu, com certeza, a família já sabia.
b – Preciso me aproximar de forma direta às pessoas mais influentes.
c – Com muita calma procuraremos solucionar o problema.
d – O animal o atingiu com ferocidade, mas ele conseguiu escapar a tempo.
e – A esperança e o otimismo são virtudes que devemos cultivar todos os dias.

2. (U. F. Viçosa) Em todas as alternativas, há dois advérbios, exceto:

a – (  ) Ele permaneceu muito calado.
b -  (  ) Amanhã, não iremos ao cinema.
c -  (  ) O menino, ontem, cantou desafinadamente.
d- (  ) Tranquilamente, realizou-se hoje, o jogo.
e – (  ) Ela falou calma e sabiamente.

3. Crie uma oração para cada adjunto adverbial indicado:modo, tempo, lugar, causa, intensidade, negação e dúvida.

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4. Eis o seguinte poema. Leia-o atenciosamente:

 “Poema só para Jaime Ovalle"

Quando hoje acordei, ainda fazia escuro
 (Embora a manhã já estivesse avançada).
Chovia.
Chovia uma triste chuva de resignação
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite.
Então me levantei,
Bebi o café que eu mesmo preparei,
Depois me deitei novamente, acendi um cigarro e fiquei pensando...
- Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei.
Manuel Bandeira, in “Antologia", pág.198.A propósito do mesmo, explicite seus conhecimentos, levando em consideração o que se pede:

a – De acordo com sua percepção, há a presença de vários verbos. Destaque-os.

b – Analise atentamente sobre a ocorrência de adjuntos adverbiais. Caso tenha identificado, aponte-os.

c- Feito isso, indique a circunstância expressa pelos mesmos, dizendo se é de modo, tempo, entre outras.

5. Tendo como referência os termos em destaque, relacione a 2ª coluna de acordo com a primeira:

a – Quando chegares do trabalho avise-me.
b – O discurso do diretor foi aplaudido com entusiasmo.
c – Visitaremos o litoral nordestino nestas férias.
d – Como chovia bastante, não fomos ao cinema, conforme combinado.
e – Fiquei muito agradecida pela sua ajuda.

(  ) adjunto adverbial de intensidade
(  ) adjunto adverbial de lugar
(  ) adjunto adverbial de modo
(  ) adjunto adverbial de causa
(  ) adjunto adverbial de tempo

Fonte: "portuguescienciaviva"

domingo, 26 de agosto de 2012

Exercícios sobre Concordância Verbal - 8º ano


Faça o verbo concordar corretamente nas orações:

01. O pessoal não [gostaram / gostou] da festa.
02. A turma [gostou / gostaram] da aula de ontem.
03. Metade dos alunos [fez / fizeram] o trabalho.
04. Um bloco de foliões [animavam / animava] a festa.
05. Uma porção de índios [surgiram / surgiu] do nada.
06. Um bando de pulhas [saqueou / saquearam] as casas.
07. A maior parte dos recursos se [esgotou / esgotaram].
08. O povo [aclamou / aclamaram] o candidato.
09. A multidão [invadiu / invadiram] o campo.
10. Os Estados Unidos [é / são] um país rico.
11. Minas Gerais [são / é] um belo estado.
12. Os Andes [fica / ficam] na América do Sul.
13. A maior parte dos carros [tinham / tinha] defeitos.
14. O bando [fuçava / fuçavam] a casa deserta.
15. A maioria [está / estão] contra o aumento do pão.
16. O Amazonas [correm / corre] para o mar.
17. Os Lusíadas [tornaram / tornou] Camões imortal.
18. Os Imigrantes [agradou / agradaram] os telespectadores.
19. Os Três Mosqueteiros [são / é] de Alexandre Dumas.
20. Vossa Excelência [agiu / agistes] com moderação.
21. Vossa Senhoria [está / estais] melhor agora?
22. Vossa Senhoria me [entendeu / entendestes] mal.
23. Vossa Excelência se [enganaste / enganou].
24. Vossa Senhoria [continuais / continua] zangado comigo?
25. Os cardumes [subiam / subia] o rio.
26. Metade das laranjas [estava / estavam] podre(s).
27. A multidão [vociferava / vociferavam] ameaças.
28. Uma equipe de policiais [prendeu / prenderam] os ladrões.
29. [Chegava / Chegavam] à multidão de passageiros.
30. Mais de mil pessoas [acertaram / acertou] na loteria.

Fonte: recanto das Letras

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

"Menina no jardim" de Paulo Mendes Campos. 8º ano


Menina no jardim


Menina no jardim

Paulo Mendes Campos


Em seus 14 meses de permanência neste mundo, a garotinha não tinha tomado o menor conhecimento das leis que governam a nação. Isso se deu agora na praça, logo na chamada República Livre de Ipanema.
Até ontem ela se comprazia em brincar com a terra. Hoje, de repente, deu-lhe um tédio enorme do barro de que somos feitos: atirou o punhado de pó ao chão, ergueu o rosto, ficou pensativa, investigando com ar aborrecido o mundo exterior. Por um momento seus olhos buscaram o jardim à procura de qualquer novidade. E aí ela descobriu o verde extraordinário: a grama. Determinada, levantou-se do chão e correu para a relva, que era, vá lá, bonita, mas já bastante chamuscada pela estiagem.
Não durou mais que três minutos seu deslumbramento. Da esquina, um crioulão de bigodes, representante dos Poderes da República, marchou até ela, buscando convencê-la de que estava desrespeitando uma lei nacional, um regulamento estadual, uma postura municipal, ela ia lá saber o quê.
Diga-se, em nome da verdade, que no diálogo que se travou em seguida, maior violência se registrou por parte da infratora do que por parte da Lei, um guarda civil feio, mas invulgarmente urbano.
─ Desce da grama, garotinha  disse a Lei.
 Blá blé bli bá  protestou a garotinha.
 É proibido pisar na grama  explicou o guarda.
 Bá bá bá  retrucou a garotinha com veemência.
 Vamos, desce, vem para a sombra, que é melhor.
 Buh buh  afirmou a garotinha, com toda razão, pois o sol estava mais agradável do que a sombra.
A insubmissão da garotinha atingiu o clímax quando o guarda estendeu-lhe a mão com a intenção de ajudá-la a abandonar o gramado. A gentileza foi revidada comum safanão. Dura lex sed lex.
 Onde está sua mamãe?
A garotinha virou as costas ao guarda, com desprezo. A essa altura levantou-se do banco, de onde assistia à cena, o pai da garota, que a reconduziu, sob chorosos protestos, à terra seca dos homens, ao mundo sem relva que o Estado faculta ao ir e vir dos cidadãos.
A própria Lei, meio encabulada com o seu rigor, tudo fez para que o pai da garotinha se persuadisse de que, se não há mal para que uma brasileira tão pequenininha pise na grama, isso de qualquer forma poderia ser um péssimo exemplo para os brasileiros maiores.
 Aberto o precedente, os outros fariam o mesmo  disse o guarda com imponência.
 Que fizessem, deveriam fazê-lo  disse o pai.
 Como?  perguntou o guarda confuso e vexado.
 A grama só podia ter sido feita, por Deus ou pelo Estado, para ser pisada. Não há sentido em uma relva na qual não se pode pisar.
 Mas isso estraga a grama, cavalheiro!
 E daí? Que tem isso?
 Se a grama morrer, ninguém mais pode ver ela  raciocinou a Lei.
 E o senhor deixa de matar a sua galinha só porque o senhor não pode mais ver ela?
O guarda ficou perplexo e mudo. O pai, indignado, chegou à peroração:
 É evidente que a relva só pode ter sido feita para ser pisada. Se morre, é porque não cuidam dela. Ou porque não presta. Que morra. Que seja plantado em nossos parques o bom capim do trópico. Ou que não se plante nada. Que se aumente pelo menos o pouco espaço dos nossos poucos jardins. O que é preciso plantar, seu guarda, é uma semente de bom-senso nos sujeitos que fazem os regulamentos.
 Buh bah  concordou a menina, correndo em disparada para a grama.
 O senhor entende o que ela diz?  perguntou o guarda.
 Claro  respondeu o pai.
 Que foi que ela disse agora?
 Não a leve a mal, mas ela mandou o regulamento para o diabo que o carregue.

"O Homem nu", de Fernando Sabino. 7º ano.


O Homem Nu
Fernando Sabino

Ao acordar, disse para a mulher:
— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa.  Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.
— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.
— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém.   Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão.  Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.
Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:
— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares...  Desta vez, era o homem da televisão!
Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:
— Maria, por favor! Sou eu!
Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.
Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.
— Ah, isso é que não!  — fez o homem nu, sobressaltado.
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!
— Isso é que não — repetiu, furioso.
Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar.  Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador.  Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito bem. E agora? Iria subir ou descer?  Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.
— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.
Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:
— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso.  — Imagine que eu...
A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
— Valha-me Deus! O padeiro está nu!
E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
— Tem um homem pelado aqui na porta!
Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
— É um tarado!
— Olha, que horror!
— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.
— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.
Não era: era o cobrador da televisão.

Essa crônica foi retirada de um livro que leva o mesmo nome, P.65, 1960